“O Céu é meu teto, a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião"

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Povo do Oriente



 


Antes de começar, a introdução:

Eu não estou aqui com a pretensão de cuspir regras para vocês. Digo isso porque o que vou falar sobre essa linha de trabalho é uma visão extremamente particular, baseada unicamente em minha vivência e em conversas com os espíritos ligados a essa linha. Ao contrário dos outros textos, onde tentava pegar o máximo de visões possíveis e comentar as coisas que todas elas tinham em comum, este texto em particular segue outra linha argumentativa. Isso porque é muito difícil encontrar terreiros, ainda, que trabalhem com essa linha de fato. Se eu disse algo que vai contra a sua percepção, então, não se preocupe.

Em minhas pesquisas consegui, ao longo da minha jornada, identificar dois tipos básicos de informações sobre a linha do oriente. A primeira diz que esta linha é muito próxima, senão a mesma, que a linha dos ciganos da Umbanda. Costuma-se comparar os ciganos com o povo cigano encarnado, então, como para fins de estudo o povo cigano advém da parte oriental do globo, assumiu-se que o povo do oriente faz parte desta linha sendo, ao contrário dos primeiros, característicos de espíritos cuja última encarnação se deu de forma sedentária (os ciganos são nômades por excelência, o povo do oriente seria composto por aqueles que moravam em cidades estabelecidas, como o povo egípcio, hindu, chinês).

Neste caso, a linha do oriente se funde a tal ponto com a linha dos ciganos que se torna praticamente impossível a distinção, costumando-se substituir o nome “povo cigano” pelo “povo do oriente”.

A segunda versão trata de uma forma completamente diferente e esta é a que eu, ao longo do tempo, fui observando com maior interesses:

Nesta versão, “Oriente” não se trata de um ponto geográfico do mapa, mas sim de um lugar específico, uma espécie de escola. Nela se juntam espíritos interessados em estudar formas de interação mais mágicas, levando muito mais a sério conhecimentos como astrologia, hermetismo, formas de interações energéticas e afins. Esta escola não está aberta unicamente a espíritos orientais, aceitando qualquer um cuja caminhada se afine a esse propósito. Ramatis, por exemplo, faria parte desta escola. Ao longo do tempo, pude encontrar alguns outros relatos sobre essa escola, cujo nome correto seria “Escola do Grande Oriente Místico”, justamente como forma de dissociação ao “povo do oriente” da primeira versão.

Os espíritos que adentram a essa escola acabam se especializando na forma de tratativa mais firme com o uso e a manipulação de energias, uma versão mais avançada, se posso chamar assim, de teorias como a do Reiki, Johrei, Ioga, acupuntura e afins. Mas também não eles não param por aí: O estudo da filosofia do fogo, conhecida popularmente como alquimia mística, também encontra campo nesta escola, assim como o estudo das energias elementais (fogo, terra, ar, água e éter) e o estudo da magia ritualística, onde a Umbanda se encontraria. Vale deixar claro que esta escola existia antes da Umbanda e existirá independentemente dela, dando origem a várias outras correntes de pensamento que levam a magia a sério.

Com o passar dos anos e a necessidade crescente do estudo teórico e da inserção de novas filosofias na Umbanda, tal linha começou a deixar “vazar” algumas coisas, colocando alguns mestres salpicados pelos terreiros mundo a fora. Esses mestres trabalham de forma díspar, como não poderia deixar de ser, mas sempre trazem muito forte para o terreiro a necessidade do estudo teórico para a posterior aplicação prática, sem levar em conta as barreiras que a religião, seja qual for, impõe. Daí vem a dificuldade que algumas pessoas tem em aplicar os conhecimentos adquiridos através deles em seus trabalhos diários.

Outras duas características que percebi muito presentes nestes espíritos são a rigorosidade com que trabalham e a forma de aprendizado que utilizam.

São rigorosos porque raramente um centro recebe a oportunidade de fazer parte de tal Escola, tendo a necessidade de preencher uma série de requisitos para tal, como a evolução constante do grupo, a ética com que o trabalho ocorre e a seriedade com que os estudos são levados. Agora, a forma do aprendizado é a mais interessante característica.

Raramente os mestres do Oriente tomam parte no caminho de estudo do aprendiz. Geralmente, eles lançam em alguns momentos pequenos “imputs”, com o único propósito de fazer com que seu aprendiz vá atrás das informações por si só, mais tarde, colaborando com a lapidação do conhecimento. Isso quer dizer que as informações nunca vêm prontas de cima para baixo, eles deixam a busca por informações mais livre e, depois, só vão dizendo o que deve ser repensado e o que pode ser aproveitado.

Mas eles trabalham somente desta forma? Com o aprendizado?

Não, mas essa é maior e mais efetiva forma. Eles também são muito ligados ao trabalho de cura, utilizando o conhecimento adquirido para isso.

Outra característica marcante, dentre os trabalhos que já presenciei:

Raramente eles trabalham incorporados como acontece com os guias de Umbanda. Na grande maioria das vezes, eles estão presentes intuindo seus médiuns no que fazer, corrigindo essa ou aquela postura ou sugerindo essa ou aquela forma. Muitas vezes eles é que dizem onde a energia tem que bombardear no corpo do assistente, deixando par o médium a tarefa primeira de diagnóstico. Como em um hospital escola agiria o professor.

Novamente, antes de terminar, essa segunda versão é uma visão pessoal, levando em conta o que vejo, o que me foi passado pelos guias que trabalham junto a essa Escola e algumas coisas que li (como a apostila do grupo GETER, do sul do país, por exemplo). Como tenho visto esta teoria ecoar em várias partes do país (não, não sou o único que vislumbra desta forma), acredito que ela faça total sentido, mas deixo a vocês as conclusões necessárias.

Por Nino Denani

Fonte: http://www.artefolk.com.br

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